A carteira de captação soma R$ 130 bi para aportes em rodovias de norte a sul do país. Reuniões e encontros bilaterais acontecem em Madri e Londres

Foto: Renato Santos.
 
Durante a manhã, Renan Filho se encontrou com Gema Esteban, líder de investimentos globais da IG4 Capital . A empresa investiu cerca de 1,2 mil milhões de dólares em infraestruturas nos últimos 5 anos - FOTO: Marcio Ferreira/MT

Criar um amplo ambiente de competitividade e segurança, atraindo os principais players globais a investirem no maior ativo de infraestrutura em transporte terrestre do Brasil. É com essa missão que se inicia em Madri, nesta segunda-feira (21), o trabalho da comitiva do Ministério dos Transportes.Serão três dias de reuniões e apresentações. Na agenda, estão encontros com grupos de equity e crédito em infraestrutura, agentes do mercado financeiro, além de empresas focadas em infraestrutura sustentável.
 
"O Brasil tem, hoje, a maior carteira de concessões rodoviárias de todo o planeta. E nossa carteira não é só a maior, é a mais arrojada também. Com o trabalho firme, conseguiremos mais investimentos em infraestrutura. Isso significa mais emprego, mais segurança para os condutores e tornar o país mais moderno para o desenvolvimento", enumerou o ministro Renan Filho.
 
A fala foi corroborada em uma das primeiras agendas do dia por Rafael Noya, vice-presidente de financiamento global do Banco Santander, a maior instituição financeira da zona do Euro. "O Brasil é nossa principal base, nossa principal operação mundial. Poder aportar na infraestrutura do Brasil tem um valor estratégico muito grande para nós". O gestor ainda elogiou a solução das otimizações dos contratos, a nova modelagem e a estruturação dos projetos. Para ele, é essa maturidade que o Brasil tem hoje que atrai novos players . "Contem conosco na agenda de otimizações. O que vocês apresentaram hoje aqui me deixa muito otimista", concluiu.
 
O dia foi também marcado pela apresentação da carteira de projetos ao grupo IG4 Capital. Parte do conglomerado desde 2020, a companhia Unna Infraestrutura já está na América do Sul como braço da peruana Aenza e interessada nos projetos de concessão brasileiros. A perspectiva de negócios futuros foi sinalizada por Gema Esteban, líder de investimentos globais do grupo. "A parceria entre o público e o privado é muito importante. As infraestruturas sustentáveis, o investimento em tecnologias renováveis, são o futuro e são muito importantes para a América Latina. Temos essa agenda de transformação", comentou.
 
Algo que o ministro também apontou sobre as possíveis parcerias com investidores espanhóis é a solidez do que está sendo apresentado. "A Espanha tem forte investimento no nosso país, e aqui já fomos elogiados por representantes de grandes instituições. Durante muito tempo, os brasileiros foram mal representados, foram desperdiçadas oportunidades. Do ponto de vista técnico, econômico e financeiro, apoiados no amplo diálogo com o setor de infraestrutura, vamos atrair recursos com nossa carteira. Pela primeira vez na história, este ano teremos mais investimentos privados que investimentos públicos em rodovias e ferrovias no Brasil", pontuou.
 
Finalizando a agenda de negociações do dia, a comitiva ainda realizou visita técnica ao campus de desenvolvimento da ACCIONA, grupo que gerencia soluções de infraestrutura sustentáveis, especialmente de energia renovável.
 
Dentre a série de próximos encontros da agenda, destaca-se o Ibero-América GRI Infra & Energy, que acontece na terça-feira (22), em Madri. O evento reunirá os maiores líderes do segmento de transporte e energia, com o objetivo de discutir os desafios comuns em estruturação, desenvolvimento e financiamento de projetos que podem catalisar o desenvolvimento e impulsionar a economia brasileira. A comitiva do Ministério dos Transportes participará deste debate junto a autoridades governamentais de todas as esferas, investidores e concessionários de países como a Colômbia, México, Estados Unidos, Chile, Peru e França.
 
Já na primeira agenda em Londres, a quinta-feira (24) será iniciada com uma reunião multilateral de peso. Serão 40 participantes de diversos bancos nacionais em uma apresentação dos projetos brasileiros. Entre os convidados, além de representantes de instituições financeiras tradicionais, estarão os grupos focados em infraestrutura rodoviária.
 
Nos dias seguintes, estão agendados compromissos com plataformas de investimento e operadores de mercado do país britânico.
 
Além do ministro Renan Filho e do corpo técnico da pasta, fazem parte da comitiva o diretor presidente da Infra S.A, Jorge Bastos, o diretor-geral da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), Rafael Vitalle, além de representantes do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) e do Tribunal de Contas da União (TCU).
 
Estratégia de sucesso
Como exemplo do quanto da relevância e atratividade dos projetos rodoviários brasileiros , pode ser destacada a concessão ao grupo francês VINCI Highways SAS, vencedor na disputa pela BR- 040/GO/MG em setembro. A empresa, que opera em mais de 120 países, é estreante em certames rodoviários no Brasil.
 
São 65 mil quilômetros de rodovias federais no Brasil. Somando estradas estaduais, municipais e vicinais, a estimativa é de mais de 2 milhões de quilômetros. O principal modal de transporte do país, com alto volume de investimento e manutenção, também é um grande ativo do país. Com a estratégia de oferecer concessões que melhorem e cuidem das estradas brasileiras por períodos determinados, o Ministério dos Transportes criou o maior ciclo de leilões de concessão rodoviária da história do país. Nos dois primeiros anos da atual gestão, de 2023 a 2024, serão realizados 11 leilões. A previsão é que o saldo captado alcance R$ 74,2 bilhões, e o número pode bater R$ 130 bi até o fim de 2026: a expectativa é realizar 35 leilões de rodovias ainda neste governo.